
Sexto Júlio Africano
Biografia
Vida e formação
Sexto Júlio Africano (c. 160 – c. 240) é reconhecido como o “pai da cronografia cristã”. Pouco se sabe de sua vida, mas seu legado marcou profundamente a historiografia da Igreja. Seu nome sugere origem africana; alguns antigos o chamaram de “filósofo líbio”. É provável que tivesse ascendência romana. Escreveu em grego e dominava também latim e hebraico. Antes de abraçar a fé cristã, serviu como soldado e viveu como pagão.
Frequentou a célebre escola catequética de Alexandria por volta de 215, atraído pela reputação de seus mestres. Ao longo da vida, teve contato com personagens notáveis, como o rei cristão Abgar VIII de Edessa e os estudiosos de Roma e da Grécia. Viveu em diferentes regiões, entre elas a Palestina, onde esteve ligado à restauração de Emaús (renomeada Nicópolis) sob o imperador Alexandre Severo. Sua morte é situada por estudiosos entre 237 e 240.
Obras
Sua obra principal foi a Chronographiai, em cinco volumes, que abrangia desde a Criação (5499 a.C., segundo seus cálculos) até o ano 221 d.C. Africano combinou narrativas bíblicas com a história grega, romana e judaica, organizando-as em ordem cronológica. Essa foi a primeira tentativa cristã de escrever uma história universal, tornando-se fonte essencial para Eusébio de Cesareia e, por consequência, para toda a tradição bizantina posterior. Hoje restam apenas fragmentos.
Outra obra de grande repercussão foram os Kestoi (“Bordados”), uma espécie de enciclopédia em 24 livros que reunia conhecimentos de medicina, matemática, botânica e técnicas militares. Embora alguns tenham sugerido autoria pagã, Eusébio atribui sem dúvida esse trabalho ao próprio Africano. O caráter enciclopédico e o uso frequente de curiosidades e anedotas contribuíram para que fosse citado por muitos Padres gregos.
Dois de seus escritos sobreviveram em forma de cartas. Na primeira, dirigida a Orígenes, questiona a história de Susana, observando que os trocadilhos presentes no texto grego não poderiam existir no hebraico original. Orígenes lhe respondeu, e ambas as cartas foram preservadas. A segunda carta, enviada a Aristides, oferece uma explicação para a divergência nas genealogias de Jesus em Mateus e Lucas, propondo o uso da lei do levirato.
Além disso, a tradição lhe atribui a tradução grega do Apologeticum de Tertuliano e possivelmente comentários aos Evangelhos, hoje perdidos.
Importância
Júlio Africano exerceu influência decisiva na maneira como o cristianismo passou a organizar o tempo e a história. Sua Chronographiai moldou a cronologia aceita durante séculos no Oriente cristão. Seu olhar crítico, especialmente na carta sobre Susana, fez dele também um dos primeiros exegetas de grande precisão. Embora grande parte de sua produção se tenha perdido, seu nome permanece associado ao esforço pioneiro de unir fé, história e ciência em uma visão cristã do mundo.
Obras de Sexto Júlio Africano
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