Bardesanes
Other

Bardesanes

154 d.C. - 222 d.C.
Bar-Daisan (154–222), filósofo sírio de Edessa, uniu Cristianismo e astrologia, gerando a seita bardesanita. Autor do Livro das Leis dos Países e hinos famosos em Edessa.
0 obras

Biografia

(Bar-Daisan)

Gnóstico sírio ou, mais corretamente, poeta, astrólogo e filósofo sírio, nascido em 11 de julho de 154 (ou 164), em Edessa, de pais persas ou partas ricos; falecido em 222, em Edessa. Para indicar a cidade de seu nascimento, seus pais o chamaram de “Filho do Daisan”, o rio sobre o qual Edessa está situada. Por sua origem estrangeira, às vezes é chamado de “o Parta” (por Júlio Africano), ou de “o Babilônio” (por Porfírio); e, por sua posterior atividade importante na Armênia, “o Armênio” (por Hipólito). Seus pais pagãos, Nuhama e Nah’siram, deviam ser pessoas de posição, pois seu filho foi educado juntamente com o príncipe herdeiro do reino de Osroena, na corte de Abgar Manu VIII. Júlio Africano relata que viu Bardesanes, com arco e flecha, traçar o contorno do rosto de um menino em um escudo que ele segurava.

Devido a distúrbios políticos em Edessa, Bardesanes e seus pais se mudaram por algum tempo para Hierápolis (Mabug), um forte centro de paganismo. Ali, o menino foi criado na casa de Anuduzbar, sacerdote pagão. Nesse ambiente, sem dúvida, ele aprendeu todas as minúcias da astrologia babilônica, um aprendizado que influenciou permanentemente sua mente e foi a ruína de sua vida posterior. Aos vinte e cinco anos, ao ouvir as homilias de Histaspes, bispo de Edessa, recebeu instrução, foi batizado e até admitido ao diaconato ou ao presbiterato. Contudo, “presbiterato” aqui pode significar apenas que ele foi contado entre o colégio dos presbíteros, pois continuou no mundo, teve um filho chamado Harmônio e, quando Abgar IX, seu amigo de juventude, ascendeu ao trono (179), ocupou lugar na corte. Não era asceta, mas vestia-se com requinte oriental, “com berilos e cafetã”, segundo São Efrém.

Sua aceitação do Cristianismo foi perfeitamente sincera; e as histórias posteriores, de que teria deixado a Igreja Católica e se unido aos gnósticos valentinianos por ambição frustrada, não merecem muito crédito. Seu amigo real tornou-se (provavelmente depois de 202, após visita honrosa a Roma) o primeiro rei cristão; e tanto o rei quanto o filósofo trabalharam para criar o primeiro Estado cristão. Bardesanes mostrou intensa atividade literária contra Marcião e Valentim, os gnósticos da época. Mas, infelizmente, com o zelo de um convertido desejoso de usar seus conhecimentos anteriores em favor da nova fé, misturou sua pseudo-astronomia babilônica com o dogma cristão, originando uma seita cristã vigorosamente combatida por São Efrém.

Os romanos, sob Caracala, explorando a facção anticristã em Edessa, capturaram Abgar IX e o enviaram acorrentado a Roma. Assim, o reino de Osroena, após 353 anos de existência, chegou ao fim. Convidado por um amigo de Caracala a apostatar, Bardesanes manteve-se firme, afirmando que não temia a morte, já que teria de enfrentá-la de qualquer modo. Aos sessenta e três anos, refugiou-se na fortaleza de Ani, na Armênia, e tentou difundir o Evangelho ali, mas com pouco êxito. Morreu aos sessenta e oito anos, provavelmente em Edessa. Segundo Miguel, o Sírio, Bardesanes teve além de Harmônio outros dois filhos: Abgarun e Hasdu.

Escritos

Bardesanes foi autor prolífico. Quase todas as suas obras se perderam, mas há registros de:

  1. (a) Diálogos contra Marcião e Valentim (Theodoret., Haer. fab., I, xxii; Eusébio, Hist. Eccl., IV, xxx, 3).
  2. (b) Diálogo Contra o Destino, dirigido a Antonino. Não está claro se “Antonino” era apenas amigo de Bardesanes ou algum imperador romano. Talvez seja idêntico ao famoso Livro das Leis dos Países.
  3. (c) Um Livro de Salmos, 150 no total, em imitação do Saltério de Davi (cf. São Efrém). Esses salmos marcaram a história de Edessa, sendo cantados por gerações, até que São Efrém compôs hinos no mesmo metro, fazendo-os perder popularidade. Alguns fragmentos, como o Hino da Alma, parecem ser de Bardesanes.
  4. (d) Tratados astrológico-teológicos, como um sobre luz e trevas (citado por São Efrém).
  5. (e) Uma História da Armênia, mencionada por Moisés de Corene.
  6. (f) Um relato da Índia, baseado em embaixadores hindus ao imperador Heliogábalo, com fragmentos preservados por Porfírio e Estobeu.
  7. Livro das Leis dos Países: diálogo célebre, o mais antigo remanescente não apenas do bardesanismo, mas também da literatura siríaca (fora a tradução da Bíblia). Embora escrito por Filipe, discípulo de Bardesanes, reflete fielmente sua doutrina. Argumenta contra o determinismo astral, sustentando que leis e costumes moldam a conduta humana mais do que os astros.

Sistema

Desde Hipólito, Bardesanes foi descrito como variante do valentinianismo, a forma mais popular de gnosticismo. Hilgenfeld (1864) defendeu essa visão com base em São Efrém. Contudo, os textos remanescentes, especialmente o Livro das Leis dos Países, indicam uma doutrina mais branda.

Bardesanes cria em um Deus todo-poderoso, Criador do céu e da terra, cuja vontade é absoluta. Defendia a liberdade humana, embora admitisse a influência dos astros sobre o bem e o mal. O mundo é mistura de luz e trevas; após seis mil anos será substituído por um mundo sem mal. Para ele, sol, lua e planetas eram seres vivos encarregados do governo do mundo.

Seu ensino era, portanto, uma mistura de Cristianismo e astrologia. Parece ter sustentado erros sobre a Trindade (pela interpretação da palavra “espírito” no feminino em siríaco). Provavelmente negava a ressurreição da carne, mas atribuía ao corpo de Cristo uma incorruptibilidade especial.

Escola

Harmônio, filho de Bardesanes, afastou-se ainda mais da ortodoxia. Educado em Atenas, acrescentou erros gregos à astrologia de seu pai, como metempsicose e doutrinas sobre alma e corpos. Outros discípulos, como Marinus, também se desviaram.

Segundo São Efrém, os bardesanitas degeneraram em práticas obscenas, misturando concepções astrais com sensualidade religiosa. Mesmo assim, a seita persistiu por séculos: no séc. V, sob o bispo Rabúla de Edessa; no séc. VII, mencionada por Jacó de Edessa; no VIII, por Jorge, bispo das tribos árabes; no X, por Masudi; e ainda no XII, por Shahrastani.

O bardesanismo degenerou primeiro em valentinianismo, depois em maniqueísmo. Seus adeptos criam em dois princípios: luz (viva, consciente, fonte de movimento e vida) e trevas (mortas, ignorantes, sem alma), de onde se originava o mal.

📖 Referências principais: Buonaiuti, Lo Gnosticismo (Rome, 1907); Nau, Bardesane l'astrologue, le livre des lois des pays (2d ed., Paris, 1899); Idem, Dictionnaire de théol. cath., s. v. (Paris, 1903); Bardenhewer, Gesch. Der altk. Lit. (Freiburg, 1902), I, 337 sqq.; Merx, Bardesances von Edessa (Halle, j1j863); Hilgenfeld, Bardesanes der letzte Gnostiker (Leipzig, 1864); Hort in Dict. Of Christ. Biog., s. v.; Schonfelder in Kirchenlex., s. v.

Fonte

Tradução automática para o português, realizada com auxílio de ferramentas de tradução e inteligência artificial, baseada em The Catholic Encyclopedia, Volume II (1913), artigo Bardesanes and Bardesanites, escrito por John Peter Arendzen (New York: The Encyclopedia Press, Inc.). Publicado por Kelvin Mariano para o projeto Medalius.

Links Relacionados

https://en.wikisource.org/wiki/Catholic_Encyclopedia_(1913)/Bardesanes_and_Bardesanites

https://archive.org/details/V02CatholicEncyclopediaKOfC

Obras de Bardesanes

Nenhuma obra encontrada

Esta personalidade ainda não possui obras publicadas.

Produtos e Soluções

Conheça outras ferramentas e serviços.