São João Damasceno

Origem e formação

João nasceu em Damasco por volta de 675, filho de Mansur, um oficial cristão de alta posição no califado omíada. Seu pai garantiu-lhe uma educação sólida e, aos 23 anos, confiou-o ao monge siciliano Cosmas, liberto da escravidão, que lhe ensinou filosofia, matemática, música, astronomia e teologia.

Vida pública

Após a morte do pai, João tornou-se alto funcionário na corte de Damasco. Nesse período surgiu a controvérsia iconoclasta, quando o imperador Leão III (717–741) proibiu o culto às imagens sagradas. João respondeu com três discursos clássicos em defesa da Tradição, amplamente difundidos na Igreja oriental.

Milagre da mão

Segundo a tradição, uma carta forjada o acusou de traição, e o califa mandou amputar sua mão. Pela intercessão da Virgem Maria, sua mão foi milagrosamente restaurada. Convencido de sua inocência, o califa o absolveu.

Vida monástica

João então renunciou à vida pública e ingressou no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém, onde foi ordenado sacerdote. Ali se dedicou à oração, à pregação e à produção teológica.

Conflitos e reconhecimento

O sínodo iconoclasta de Constantinopla (754) condenou João com duras ofensas. O Concílio de Niceia II (787), realizado após sua morte, restaurou a veneração das imagens e reabilitou sua memória. Sua eloquência lhe valeu o título de Chrysorrhoas (“rio de ouro”). O Papa Leão XIII o proclamou Doutor da Igreja em 1890. Sua festa litúrgica é celebrada em 4 de dezembro.

Obras e legado

Considerado o último dos Padres gregos, João foi um notável compilador da Tradição. Sua obra-prima, Fonte do Conhecimento, é composta por três partes:

1. Dialética
2. Refutação das heresias
3. Exposição exata da fé ortodoxa

Também escreveu o Sacra Parallela, diversas homilias, tratados apologéticos e hinos litúrgicos, entre eles o célebre Cânon Pascal, ainda cantado na liturgia bizantina.

Morte

São João Damasceno faleceu por volta de 749, deixando à Igreja um admirável exemplo de sabedoria, fidelidade e defesa da fé.