São Alexandre de Alexandria foi o 19º Patriarca da Igreja de Alexandria, entre aproximadamente 313 e 326 (ou 328, segundo algumas tradições). É venerado na Igreja Católica e Ortodoxa como um destacado defensor da fé, sobretudo por seu papel decisivo no combate à heresia ariana. Sua firmeza doutrinal preparou o caminho para a teologia de seu sucessor, São Atanásio, e para as definições dogmáticas do Concílio de Niceia (325).

Vida e Ministério

Antes de ser eleito Patriarca, Alexandre exerceu o ministério sacerdotal em Alexandria. Após a morte martirizada do Patriarca Pedro de Alexandria (311) ele foi escolhido pelos clérigos e pelo povo para sucedê‑lo, num período marcado pela transição da perseguição de Diocleciano para a relativa liberdade sob Constantino.

Combate ao Arianismo

Alexandre foi o primeiro bispo a confrontar publicamente Ário, que ensinava que o Filho era criatura e não consubstancial ao Pai. Em 320 (322) convocou um sínodo local que condenou Arius como herege. Em seguida enviou uma carta de deposição e um encíclico que denunciavam as doutrinas arianas. Embora não tenha deixado um grande corpus de epístolas teológicas, sua ação episcopal e sua presença no Concílio de Niceia foram fundamentais para a formulação da doutrina da homoousia.

O que é a homoousia

Homoousia (do grego homoousion – “da mesma substância”) é o termo adotado pelo Concílio de Niceia (325) para afirmar que o Filho é consubstancial ao Pai, isto é, compartilha a mesma essência ou ousia divina. Essa expressão declara que o Pai, o Filho e, por extensão, o Espírito Santo, são um único Deus em três Pessoas distintas, mas única em substância.

A necessidade da fórmula surgiu para combater o arianismo, que sustentava que o Filho era uma criatura criada e, portanto, de natureza diferente da do Pai. Ao proclamar que o Filho é gerado, não criado, e que “é de uma substância exatamente igual à do Pai”, a Igreja assegurou a plena divindade do Cristo e preservou a integridade da doutrina da Trindade.