Sócrates de Constantinopla (Sócrates Escolástico)
Biografia
Sócrates de Constantinopla (Sócrates Escolástico)
Sócrates, conhecido como Escolástico, foi um dos grandes historiadores da Igreja Antiga. Nasceu em Constantinopla por volta de c. 380 d.C.. Pouco se sabe sobre sua família, mas em seus escritos ele conta que estudou com os gramáticos Heliodorus e Ammon (ou Ammonios). O título de scholasticus indica que atuava como jurista ou professor de direito, função comum no Oriente romano. Viveu a maior parte da vida em sua cidade natal, mas também esteve em Alexandria, Antioquia e outras cidades do Oriente.
Vocação como historiador
Leigo, mas profundamente interessado na vida da Igreja, dedicou-se à história por gosto pessoal, movido pela admiração a Eusébio de Cesareia. Atendeu também ao pedido de um amigo chamado Theodorus (ou Teodoro, em português), a quem dedicou sua obra. Seu objetivo era continuar a História Eclesiástica de Eusébio, ampliando o relato desde a ascensão de Constantino em 306 até o ano 439, no reinado de Teodósio II. Dividiu sua narrativa em sete livros, cobrindo os reinados de Constantino I, Constâncio II, Juliano, Joviano, Valentiniano I, Valente, Teodósio I, Arcádio e Teodósio II.
Conteúdo e método
Sua obra não tratou apenas de disputas religiosas, mas também de acontecimentos militares e civis, destacando como crises do Estado refletiam na Igreja. Sócrates buscou escrever com moderação em meio às polêmicas doutrinárias de sua época. Foi firme contra arianos, eunomianos e macedonianos, mas demonstrou respeito até mesmo ao falar dos novacianos, o que gerou suspeitas infundadas de simpatia por essa seita. Sempre manteve submissão e reverência à Igreja, grande respeito pelos clérigos e profunda estima pelos monges.
Como historiador, cultivou estilo simples e claro. Valorizou fontes primárias e consultou obras de Atanásio, Eusébio, Evágrio, Epifânio, Nestório, além de documentos oficiais, cartas conciliares e até autores pagãos. Sua obra revela esforço por imparcialidade, mesmo diante de diferenças doutrinárias. Embora por vezes mostrasse credulidade diante de relatos de milagres, algo comum em sua época, manteve prudência ao utilizar testemunhos de terceiros. Uma limitação notável é a ausência de referências a Santo Agostinho, reflexo de sua atenção quase exclusiva ao Oriente.
Legado
A História Eclesiástica de Sócrates permanece como um dos registros mais importantes da Igreja entre os séculos IV e V. Sua tentativa de narrar os fatos com equilíbrio, evitando linguagem de ódio, destaca-o como escritor confiável e respeitado. É lembrado como um historiador diligente, culto e sincero, cuja obra é indispensável para o conhecimento da Igreja oriental do período.
Obras de Sócrates de Constantinopla (Sócrates Escolástico)
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