Respostas curta:
1 A fé cristã existia antes da Bíblia ser escrita. A Igreja nasceu da pregação dos apóstolos e só depois reuniu os escritos no Novo Testamento.
2 A Bíblia não é a única fonte da fé. A Tradição e o Magistério também transmitem a Revelação de Deus com autoridade.
3 Foi a Igreja quem definiu os livros da Bíblia. Sem a autoridade da Igreja, não teríamos um cânon definido.
4 A Tradição é bíblica! São Paulo ensinou a guardar as tradições transmitidas oralmente e por escrito.
Resposta avançada:
1

Introdução: O que descobri durante meus estudos

Segundo meus estudos, até o momento, após analisar diversos textos, argumentos e documentos históricos, percebi que a ideia de que a fé cristã se baseia somente na Bíblia não é sustentável quando analisamos os fatos. O próprio cristianismo existiu por décadas antes que os primeiros escritos do Novo Testamento fossem redigidos. Além disso, a formação da Bíblia, tal como a conhecemos hoje, só ocorreu séculos depois, por meio da autoridade da Igreja.


Os apóstolos não deixaram um “manual” escrito para a fé cristã, mas transmitiram a mensagem de Cristo oralmente e por meio de suas práticas litúrgicas. O Novo Testamento surgiu na Igreja, e foi a própria Igreja que definiu quais livros pertenciam à Sagrada Escritura. Dessa forma, a fé católica não se fundamenta somente na Bíblia, mas em Jesus Cristo, que é a Palavra de Deus encarnada“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (São João 1,14).


Cristo confiou sua mensagem aos apóstolos, que a transmitiram por meio da pregação e da vivência comunitária. Essa transmissão se manteve viva através dos séculos pela Tradição da Igreja e, posteriormente, parte dela foi registrada na Sagrada Escritura. Assim, a Revelação de Deus se manifesta em três pilares inseparáveisSagrada Escritura, Tradição Sagrada e Magistério da Igreja.


Jesus garantiu a autoridade da Igreja ao afirmar: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.” (São Lucas 10,16). Aqui, Cristo deixa claro que sua autoridade continua na Igreja, que ensina em Seu nome.


Os Três Pilares da Fé Católica

A fé católica é sustentada por três fundamentos que garantem a transmissão fiel da mensagem de Cristo:


1. Sagrada Escritura: A Palavra de Deus Escrita

A Bíblia é fundamental para a fé cristã e foi inspirada pelo Espírito Santo. No entanto, a própria Escritura ensina que nem tudo foi registrado nos livros: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seriam escritos.” (São João 21,25).


Além disso, Jesus nunca ordenou que se escrevesse um livro, mas sim que se pregasse o Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” (São Marcos 16,15).


No início, os cristãos transmitiam a fé oralmente, depois, somente cerca de 20 anos após a morte e ressurreição de Jesus, foram escritos os primeiros textos Bíblicos do Novo Testamento.


O Novo Testamento não existia como um conjunto definido de livros até o século IV. Dessa forma, foi a Tradição que preservou e transmitiu a fé antes mesmo da Bíblia ser compilada.


2. Tradição Sagrada: A Transmissão Viva da Fé

A Tradição Sagrada é a transmissão oral ou escrita da fé cristã desde os tempos apostólicos. São Paulo reforça a importância de manter as tradições: “Portanto, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos ensinamos, seja por palavra, seja por epístola nossa.” (2 Tessalonicenses 2,15).


Perceba que São Paulo menciona duas formas de transmissão: a oral (“por palavra”) e a escrita (“por epístola”). Isso mostra que a Tradição não é invenção humana, mas um meio legítimo pelo qual Deus revelou Sua vontade.


3. Magistério da Igreja: A Interpretação Autêntica da Fé

O Magistério da Igreja é a autoridade dada por Cristo aos apóstolos e seus sucessores para interpretar corretamente a Escritura e a Tradição. Jesus garantiu que sua Igreja não erraria em questões de fé, pois seria guiada pelo Espírito Santo: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena.” (São João 16,13).


Essa autoridade é essencial para evitar interpretações erradas da Bíblia. A Bíblia ensina que não se deve interpretá-la isoladamente“Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.” (2 São Pedro 1,20-21).


Além disso, São Pedro alertou sobre o perigo de deturpar os escritos de São Paulo: “Há pontos difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como fazem também com as demais Escrituras, para sua própria perdição.” (2 São Pedro 3,16).


A passagem do eunuco etíope em Atos 8,30-31 reforça a necessidade de uma autoridade para ensinar:

*”Compreendes o que estás lendo?” Ele respondeu: “Como poderei entender, se ninguém me explica?”

Ou seja, a Bíblia precisa ser explicada por alguém com autoridade, e essa autoridade foi dada por Cristo à Igreja.


Os Livros “a Mais” na Bíblia Católica?

Muitas vezes, é dito que os católicos “acrescentaram” livros à Bíblia, mas isso não é verdade. Os deuterocanônicos (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque e 1 e 2 Macabeus) sempre estiveram na Bíblia utilizada pelos primeiros cristãos.


Na época de Jesus, não havia um cânon fechado do Antigo Testamento. Diferentes grupos judeus tinham concepções distintas sobre quais escrituras eram inspiradas:

  1. Fariseus: Aceitavam a Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia) e os Profetas.
  2. Saduceus: Consideravam somente a Torá como Escritura.
  3. Essênios: Usavam textos próprios, incluindo livros que não foram reconhecidos pelo judaísmo posterior.
  4. Zelotes: Não tinham uma coleção formal de textos, pois estavam mais focados na luta política contra Roma.


Os primeiros cristãos usavam a Septuaginta, especialmente a versão de Alexandria, que incluía os deuterocanônicos e até outros livros a mais. Essa versão era amplamente aceita entre os judeus da diáspora e continha os mesmos livros que a Igreja Católica reconhece hoje no Antigo Testamento.

Há diversas citações no Novo Testamento que indicam o uso da Septuaginta, pois muitos textos correspondem à sua redação grega, o que reforça que os apóstolos e evangelistas utilizavam essa tradução.


No século XVI, durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero passou a adotar o cânon judaico, que corresponde aos livros aceitos por algumas escolas rabínicas após o século I. Um encontro de rabinos em Jâmnia (por volta do ano 90 d.C.) é frequentemente mencionado como um marco onde se discutiu a autoridade de certos livros — incluindo os deuterocanônicos — mas não houve, de fato, um concílio oficial ou uma definição formal e universal do cânon judaico naquele momento.


Mesmo assim, esse processo posterior do judaísmo rabínico influenciou Lutero e outros reformadores a rejeitarem os livros que a Igreja já havia usado desde os tempos apostólicos. Esses livros passaram então a ser chamados de “apócrifos” por alguns grupos protestantes e, com o tempo, deixaram de ser impressos nas Bíblias utilizadas por eles.


Porém, o meu entendimento com base no que eu li, esse concílio ocorreu após a vinda de Cristo e não era vinculante para os cristãos, pois como diz Jesus: O Reino de Deus vos será tirado e será dado a um povo que produza frutos. (São Mateus 21,43).


Além disso, Lutero também quis remover outros livros do Novo Testamento, como a carta de Tiago, por conter a afirmação de que “a fé sem obras é morta” (São Tiago 2,26), o que contradizia sua doutrina de salvação somente pela fé.


Ou seja, não foi a Igreja Católica que acrescentou livros, mas os protestantes que os removeram séculos depois.


Importante ressaltar que a maioria das Bíblias protestantes manteve os mesmos livros do Novo Testamento que a Igreja Católica reconhece, mas rejeitou os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento, o que causou a diferença entre os dois cânones.


Como a Bíblia Foi Formada?

A definição do cânon da Bíblia aconteceu em Concílios da Igreja, pois desde os primeiros séculos a Igreja se reunia em concílios para resolver disputas doutrinais e definir com clareza os fundamentos da fé — como o próprio Novo Testamento menciona em Atos 15,6, no Concílio de Jerusalém: “Então os apóstolos e os anciãos se reuniram para examinar esta questão.” (Atos 15,6).


Assim, diante de dúvidas e diferentes listas de livros em circulação, foi necessário que a Igreja, com a assistência do Espírito Santo, definisse oficialmente o cânon.


Antes desses concílios, já havia alguns registros históricos que buscavam organizar os livros cristãos. Um exemplo importante é o Cânone Muratori, um fragmento datado do final do século II, que apresenta uma das primeiras listas conhecidas dos livros do Novo Testamento utilizados na liturgia da Igreja. Essa descoberta revela que a Igreja sempre demonstrou preocupação em preservar os textos autênticos e discernir quais eram verdadeiramente inspirados. No entanto, somente após a liberdade religiosa do cristianismo é que foi possível reunir concílios amplos para firmar definitivamente a lista de livros sagrados.

  1. Concílio de Roma (382 d.C.): O Papa Dâmaso I estabeleceu a lista dos livros bíblicos.
  2. Concílio de Hipona (393 d.C.): Com a participação de Santo Agostinho, a Igreja definiu os livros da Bíblia.
  3. Concílio de Cartago (397 d.C.): Confirmou o cânon bíblico.
  4. Concílio de Trento (1546–1563): Reafirmou o cânon contra a Reforma Protestante.


Santo Agostinho afirmou: “Eu não acreditaria no Evangelho, se isso não me levasse à autoridade da Igreja Católica.”


A Igreja não apenas preservou a Bíblia, mas determinou quais livros pertenciam a ela, de forma solene e guiada pelo Espírito Santo.


A Importância da Tradição na Vida Cristã

Cristo não deixou um livro, mas uma Igreja viva, guiada pelo Espírito Santo, que continua a ensinar e interpretar corretamente a Palavra de Deus. A Bíblia não surgiu sozinha, mas foi reconhecida e preservada pela Igreja.


Jesus prometeu que nunca abandonaria sua Igreja“E eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mateus 28,20).


Ele confiou a Pedro uma missão especial de liderança: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” (Mateus 16,18).


E também ordenou: “Apascenta as minhas ovelhas.” (João 21,17).


Essas palavras demonstram que Cristo constituiu uma Igreja visível e hierárquica, com autoridade para ensinar, governar e santificar em Seu nome.


São Paulo também reforça essa autoridade da Igreja ao dizer: “Se eu tardar, tu saberás como é necessário portar-se na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade.” (1 Timóteo 3,15)


Por isso, a Tradição continua viva na Igreja, sustentando a fé que foi entregue uma vez por todas aos santos.


Possíveis dúvidas e objeções – com respostas rápidas:


Objeção: Dizer que a Igreja definiu o cânon é colocar sua autoridade acima da Palavra de Deus.


Resposta: A Igreja não criou a Bíblia. Ela apenas reconheceu, com a ajuda do Espírito Santo, quais livros eram realmente inspirados. Sua autoridade não está acima da Escritura, mas a serviço dela.

São Paulo ensina: “Permanecei firmes e retende as tradições que vos ensinamos, seja por palavra, seja por carta” (2 Tessalonicenses 2,15). Essa Tradição é a mesma que preserva, transmite e interpreta a Escritura.

São Pedro adverte: “Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular” (2 Pedro 1,20). Ou seja, a Bíblia não se interpreta sozinha.


No tempo de Jesus, não havia um Antigo Testamento com lista fechada de livros. Já no Novo Testamento, muitos escritos circulavam. Foi preciso discernimento para saber quais vinham dos apóstolos ou de seus discípulos.


Definir o cânon não foi arrogância, mas obediência ao mandado de “guardar o depósito da fé” (1 Timóteo 6,20). Sem a autoridade da Igreja, nem saberíamos quais livros são bíblicos. Ela não criou a Palavra de Deus, mas identificou, guardou e transmitiu aquilo que já era inspirado desde os tempos apostólicos.


Objeção: A Escritura não manda seguir tradições orais hoje


Resposta: A Bíblia não ensina que apenas o que está escrito deva ser seguido. Pelo contrário, São Paulo ordena: “Portanto, irmãos, permanecei firmes e retende as tradições que fostes ensinados, seja por palavra, seja por carta nossa” (2 Tessalonicenses 2,15). Isso mostra que, desde o período apostólico, a transmissão oral também era parte essencial da fé. Além disso, o apóstolo São João afirma que “Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez; se cada uma fosse escrita, penso que nem o próprio mundo poderia conter os livros que se escreveriam” (João 21,25). Logo, a noção de “Somente a Escritura” (Sola Scriptura) não aparece em nenhum lugar da própria Bíblia.


Por que, então, confiar na Tradição da Igreja? Primeiro, porque o próprio Cristo quis que seus discípulos permanecessem unidos“Pai santo, guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam um, como nós” (João 17,11). Ele fundou uma Igreja, não várias, e prometeu que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16,18). Logo, a Igreja que atravessa os séculos é a guardiã autêntica da fé, protegida pelo Espírito Santo dos erros doutrinais. Cristo também assegurou sua presença contínua: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28,20). Essa promessa garante que a Igreja não se desviará da verdade fundamental.


Já nos tempos apostólicos, surgiam falsos mestres ensinando doutrinas contrárias ao Evangelho (Gálatas 1,6-9; 2 Pedro 2,1). Essa realidade exigiu uma autoridade para definir o que era fiel ao ensinamento de Cristo e o que não era. Por isso, os apóstolos escolhiam homens fiéis para sucedê-los no ministério e continuar a transmissão oral, como diz São Paulo: E o que ouviste de mim por meio de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que serão capazes de ensinar também a outros (2 Timóteo 2,2). Dessa forma, os bispos em comunhão com Pedro exerciam a função de ensinar e corrigir, consolidando a Tradição. A Bíblia chama a Igreja de “coluna e sustentáculo da verdade” (1 Timóteo 3,15), indicando que ela não depende somente de um texto escrito, mas também de uma transmissão viva guiada pelo Espírito.


Portanto, não é verdade que “a Escritura não manda seguir tradições orais”. O Novo Testamento explicitamente as reconhece como parte legítima da Revelação. A Igreja, desde o início, tem um só corpo doutrinal — alicerçado na Palavra escrita e na Tradição viva. Ela preserva essa unidade para que “todos sejam um” (João 17,21), conforme o desejo de Cristo, e para que o Evangelho permaneça íntegro até o fim dos tempos.


Leia também: Os católicos acreditam que a tradição é tão importante quanto a Bíblia?


Objeção: Não precisamos do Magistério, pois o Espírito Santo guia todo cristão à verdade.


Resposta: É verdade que o Espírito Santo ilumina todos os fiéis; entretanto, isso não exclui a necessidade de um ministério de ensino confiado por Cristo à Igreja. No Novo Testamento, já havia preocupação com falsos mestres (2 Pedro 2,1). São Paulo chega a advertir os presbíteros: Sei que, após minha partida, entrarão entre vós lobos pesados, que não terão piedade do rebanho (Atos 20,29). Para defender a comunidade desses “lobos”, Deus constituiu na Igreja “pastores e doutores” (Efésios 4,11). Da mesma forma, em Atos 15, os apóstolos e presbíteros se reuniram em concílio para decidir uma controvérsia, em vez de cada cristão interpretar por conta própria.


Jesus advertiu que “o mercenário, que não é pastor, abandona as ovelhas e foge” (João 10,12), e também disse: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; é preciso que eu as conduza… e haverá um só rebanho e um só pastor” (João 10,16). Ele deseja um rebanho unido sob o cuidado de pastores legítimos, não disperso entre vozes desencontradas. É por isso que Cristo confiou a Pedro o encargo de “apascentar” o rebanho (João 21,15-17), sinal visível de unidade e referência para todos.


Em suma, o Espírito Santo age na vida de cada cristão, mas também conduz a Igreja como um todo à “verdade plena” (João 16,13). Ele o faz especialmente através do Magistério, que preserva o Evangelho de distorções e divisões. Sem esse serviço de guia, cada pessoa poderia alegar ter uma “inspiração do Espírito” diferente, gerando inumeráveis interpretações conflitantes. Portanto, o Magistério não substitui a ação do Espírito Santo, mas é instrumento d’Ele para manter unido o rebanho de Cristo.


Objeção: A Igreja primitiva não parecia tão estruturada como a Igreja Católica atual. Isso não seria um desenvolvimento exagerado?


Resposta: A Igreja não “inventou” doutrinas ou estruturas tardias; ela desenvolveu e explicitou aquilo que já estava presente desde o início nos tempos apostólicos. O Novo Testamento mostra que, ainda durante a era apostólica, havia bispos (epíscopos), presbíteros (anciãos ou padres) e diáconos (Filipenses 1,1; 1 Timóteo 3,1-13). Os apóstolos criaram esses ministérios para responder às necessidades crescentes das comunidades (Atos 6). Além disso, nenhuma doutrina foi simplesmente “inventada”: as grandes verdades de fé, como a Santíssima Trindade ou a maternidade divina de Maria, já estavam implícitas na pregação e nos escritos dos primeiros cristãos. A Igreja, ao longo do tempo, clarificou e definiu essas verdades, sempre guiada pelo Espírito Santo (João 16,13).


Jesus comparou o Reino de Deus a uma pequena semente que se torna uma grande árvore (Marcos 4,30-32). Do mesmo modo, a Igreja, fundada por Cristo sobre os apóstolos, cresceu e amadureceu não só em número de fiéis, mas também em compreensão doutrinal e organização. Isso não indica “corrupção” ou “exagero”, mas o desenvolvimento natural do que Cristo plantou. Já no primeiro século, a Igreja se reunia em concílios para resolver questões importantes (Atos 15), sinal de que existia uma estrutura e uma unidade doutrinal em formação.


Quando percebemos que a Igreja de hoje parece “mais complexa”, na verdade, estamos vendo o resultado de séculos de experiência e reflexão, não uma distorção da fé original. Tudo o que foi definido — seja um dogma ou uma prática disciplinar — tem suas raízes nas Escrituras e na Tradição apostólica. É como a semente que se torna árvore: a substância permanece a mesma, mas floresce conforme o tempo passa.


Portanto, a Igreja atual, com toda a sua estruturaé essencialmente a mesma da Igreja primitiva. Pelo Espírito, ela ordenou ministérios, liturgias e ensinos para proteger o Evangelho de deformações (Atos 15). Longe de ir contra a vontade de Cristo, esse crescimento preserva a comunhão e a identidade católica, conforme o desejo do Senhor: “Que todos sejam um…” (João 17,21).


Objeção: A autoridade da Igreja não pode ser confiável porque já errou no passado.


Resposta:infalibilidade da Igreja não significa que seus membros estejam livres de pecar ou de tomar decisões políticas, ou disciplinares equivocadas. Ela diz respeito apenas ao ensino oficial de fé e moral, quando a Igreja, por meio do Papa ou em comunhão com ele, define solenemente uma verdade a ser crida. Isso está fundamentado na promessa de Cristo de que o Espírito Santo conduziria a Igreja à verdade (João 16,13). Aqui, contudo, meu objetivo é mostrar que erros de pessoas ou instituições ao longo da história não invalidam a autoridade e a missão divina da Igreja.


Isso se evidencia ao olharmos os próprios apóstolos. Jesus escolheu doze homens, dos quais:

  1. Judas o traiu por trinta moedas;
  2. Pedro o negou três vezes, embora mais tarde tenha se arrependido e recebido o encargo de “apascentar” o rebanho (João 21,15-17);
  3. Tomé duvidou da Ressurreição até ver os sinais (João 20,24-29);
  4. João e Tiago pensaram em chamar fogo do céu para destruir uma aldeia samaritana (Lucas 9,54).


Mesmo com essas fraquezas, Jesus os escolheu para serem colunas da Igreja, concedendo a Pedro as chaves do Reino (Mateus 16,18-19) e prometendo que “as portas do inferno não prevaleceriam” contra ela. Isso mostra que Deus não precisa de pessoas perfeitas para realizar sua obra. O famoso ditado popular, “Deus escreve certo por linhas tortas”, reflete essa dinâmica: Ele age por meio de instrumentos imperfeitos para levar adiante a salvação.


Portanto, quando falamos da autoridade da Igreja, referimo-nos à promessa de Cristo de proteger seu ensinamento essencial de fé e moral, não de garantir a impecabilidade de cada cristão ou líder.


Assim, não se deve rejeitar a autoridade e o papel divino da Igreja por conta dos pecados de seus membros ao longo dos séculos. O que ela ensina oficialmente em matéria de fé e moral permanece protegido pelo Espírito Santo, garantindo a fidelidade ao Evangelho, mesmo em meio às limitações humanas.

Ilustrando

Complemento Visual

Imagens selecionadas para facilitar a compreensão dos aspectos abordados neste conteúdo.

A Tradição Cristã é Apostólica

A Tradição Cristã é Apostólica

Cristo não deixou um livro, mas formou a Igreja. Os apóstolos pregaram oralmente, e a fé foi transmitida por Tradição antes de ser escrita.

1
A Bíblia Não Surgiu Pronta

A Bíblia Não Surgiu Pronta

A Bíblia levou séculos para ser formada. Foi a Igreja quem discerniu, preservou e compilou os livros inspirados.

2
A Autoridade Está na Igreja

A Autoridade Está na Igreja

Cristo deu autoridade aos apóstolos para ensinar em Seu nome. Essa autoridade continua com os bispos e o Papa, garantida pelo Magistério.

3
A Tradição Também é Palavra de Deus

A Tradição Também é Palavra de Deus

São Paulo ensina a guardar as tradições orais e escritas. A Tradição é viva e fundamenta a fé cristã tanto quanto a Escritura.

4
Cânon Bíblico: Decidido pela Igreja

Cânon Bíblico: Decidido pela Igreja

A definição dos livros bíblicos ocorreu em concílios da Igreja, após séculos de uso e discernimento pastoral.

5
Referências
  • São Mateus 16,18-19: Cristo fundou Sua Igreja sobre Pedro

  • São João 21,15-17: Jesus confirma a missão de Pedro de cuidar da Igreja

  • São Lucas 10,16: A autoridade dos apóstolos se transmite pela pregação

  • Atos 2,42-47: A fé cristã existia antes do Novo Testamento escrito

  • São João 21,25; 2 João 1,12: Nem tudo foi escrito na Bíblia

  • São Marcos 16,15: Jesus ordenou a pregação, não a escrita

  • 2 Tessalonicenses 2,15; 1 Coríntios 11,2: A Tradição oral é Palavra de Deus

  • 1 Timóteo 3,15: A interpretação da fé pertence à Igreja

  • São João 16,13; Atos 15,28: A Igreja é guiada pelo Espírito Santo

  • 2 São Pedro 1,20-21: A Bíblia não pode ser interpretada isoladamente

  • 2 São Pedro 3,16: Alguns textos bíblicos são difíceis de entender

  • Atos 8,30-31: A Escritura precisa de quem a ensine com autoridade

  • São Mateus 28,20: Cristo prometeu estar com Sua Igreja para sempre

  • São João 21,17: Pedro deve apascentar o rebanho de Cristo

  • 1 Timóteo 3,15: A Igreja é coluna e fundamento da verdade

  • Fragmento Muratori (séc. II): Cânon do Novo Testamento começava a ser listado

  • Atos 15,6: Concílio de Jerusalém define doutrina com autoridade

  • Concílios de Roma (382), Hipona (393), Cartago (397), Trento (1546): A Igreja definiu o cânon da Bíblia

  • Contra a Carta de Maniqueu, cap. 5 (Santo Agostinho): Santo Agostinho reconhece a autoridade da Igreja

  • Citações do Novo Testamento baseadas na Septuaginta: Os primeiros cristãos usavam a versão grega

  • São Mateus 21,43: O Concílio de Jâmnia não tinha autoridade sobre os cristãos

  • São Tiago 2,26: Martinho Lutero quis remover livros do Novo Testamento

  • Deuterocanônicos: A Bíblia protestante removeu livros aceitos desde os primeiros séculos

  • 2 Timóteo 2,2: São Paulo exorta a conservar a doutrina recebida

  • Tito 1,5: A sucessão apostólica é base da fé verdadeira

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