Durante minha jornada de estudos, escutei algumas vezes e outras li pessoas dizendo que a Igreja Católica erra ao usar orações repetidas, como o terço. Baseiam-se em Mateus 6. Jesus diz: “Não repitais palavras vazias como os pagãos, pois pensam que serão ouvidos por causa de suas muitas palavras” (Mateus 6,7 - do grego: "battologéō"). Jesus condena o uso de repetições mecânicas e vazias. Não é a repetição em si, mas a repetição vã, vazia de fé e sentido.
Segundo o que entendi, a palavra "battologéō" é um hapax legomenon, ou seja, aparece apenas uma vez no Novo Testamento. Isso indica um uso muito específico e intencional. "Battologéō" é formada possivelmente da junção de sons vazios (batta) e logos (palavra), significando balbuciar ou tagarelar sem sentido. Refere-se à prática dos pagãos que tentavam manipular seus deuses por meio de repetições automáticas e supersticiosas.
Jesus mesmo fez orações repetidas. No Horto das Oliveiras, ele repetiu a mesma oração três vezes (Mateus 26,44). Ele também passou noites inteiras em oração (Lucas 6,12). Na cruz, rezou: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" (Mateus 27,46), repetindo o Salmo 21, uma oração pronta da tradição judaica.
As orações prontas ajudam a evitar erros teológicos. Quando usamos o Pai-Nosso, a Ave-Maria, ou salmos, estamos nos unindo à Tradição da Igreja. O próprio Jesus nos ensinou uma oração pronta.
O texto de Mateus 6 continua: “Não sejais como os pagãos”. Pagãos oravam apenas para obter favores materiais. Suas orações eram interessadas, automáticas, supersticiosas. Não é isso que a Igreja faz.
O terço não é uma repetição mecânica, mas uma forma de oração contemplativa, como ensina o próprio Catecismo:
"A meditação põe em acção o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Esta mobilização é necessária para aprofundar as convicções da fé, suscitar a conversão do coração e fortalecer a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã dedica-se, de preferência, a meditar nos «mistérios de Cristo», como na «lectio divina» ou no rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor, mas a oração cristã deve ir mais longe: até ao conhecimento amoroso do Senhor Jesus, até à união com Ele." (CIC 2708).
Jesus não condenou orações repetidas. Condenou a repetição vazia. A oração católica é cheia de fé, sentido e tradição. Ela é bíblica, viva e verdadeira.
"Rezai sem cessar" (1 Tessalonicenses 5,17).
Possíveis dúvidas e objeções – com respostas rápidas:
Objeção: “Mas repetição não é autêutentica.”
Resposta: Mesmo no amor humano, repetimos "eu te amo". A intenção é o que define a autenticidade.
"Jesus disse para não usar muitas palavras." Sim, mas criticou palavras vazias. Orações com fé, mesmo repetidas, são agradáveis a Deus.
Objeção: “O terço não é bíblico.”
Resposta: O Pai-Nosso é. A Ave-Maria é composta de versículos bíblicos (Lucas 1,28; Lucas 1,42). A meditação é cristocêntrica.
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1 Tessalonicenses 5,17
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Lucas 6,12
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Lucas 1,28
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Lucas 1,42
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Mateus 27,46
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Mateus 26,44
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